segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Treinamento resistido e a marcha funcional em pacientes com doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma doença que afeta o sistema nervoso central e se manifesta, geralmente por anomalias na conduta muscular, e que afeta 1 em cada 100 pessoas, normalmente com mais de 50 anos; é a segunda doença neurodegenerativa mais comum. Os sintomas primários em pacientes com DP incluem tremor grosseiro dos dedos ou em outros músculos dos membros inferiores quando em repouso, rigidez na postura, bradicinesia, reflexos posturais prejudicados e distúrbios de marcha associados. A maior complicação resultante dos sintomas são as lesões físicas geralmente resultantes do aumento da freqüência de quedas. Lesões associadas às quedas tais como as fraturas de quadril acabam resultando em internação e conseqüentemente em aumento da mortalidade. A progressão dos sintomas em pacientes com DP está também associada com a deterioração na condição física. Pessoas idosas com ou sem DP são caracterizadas pela pobreza de movimento, perda força e resistência muscular, e pela diminuição da capacidade funcional. A fraqueza pode surgir de vários fatores associados com a doença incluindo a inatividade resultante da incapacidade, assim como as modificações eletrofisiológica na ativação muscular na descarga padrão de unidades musculares durante a ativação e coativação de grupos musculares. Tipicamente, quando esses pacientes passam a apresentar uma diminuição na coordenação, muitos deles preferem restringir suas atividades justamente pelo perigo de lesões. Esta restrição de atividade resulta em atrofia muscular semelhante à condição de indivíduos idosos sedentários. O treinamento resistido é conhecido como um componente benéfico de um programa de exercícios designado para aumentar a força muscular e a capacidade funcional de adultos idosos e indivíduos que apresentam o mesmo quadro resultante de doença ou de incapacidade como artrite. Esta perda de força muscular e de massa muscular poderia ser esperada como uma forma de degradação fisiológica, apesar da efetividade do tratamento farmacológico. Essa técnica pode também ser mantida facilmente pelo paciente e pode ser eficaz para a manutenção dos exercícios. A marcha Parkinsoniana, a qual é característica da doença é descrita como festina, com diminuição dos passos largos, moderada diminuição da cadência e acima de tudo, da velocidade de movimento, e distúrbios associados na amplitude do movimento. É geralmente aceito que o treinamento de força melhora a marcha embora poucas medidas quantitativas tenham sido obtidas para mostrar que o treino de força melhora a marcha em pacientes portadores de DP. O objetivo desse estudo foi de determinar se o protocolo de treinamento de resistência poderia produzir aumentos de força no melhoramento funcional da marcha em pacientes com DP. Quatorze pacientes sedentários, portadores com DP (estágios 2-3), com média de idade 65.5 anos participaram desse estudo. Seis pacientes normais (sem doença de Parkinson) participaram como controle. Os 20 indivíduos foram submetidos ao treinamento resistido vigoroso (o peso inicial foi de 60% 1RM) por 8 semanas. Treinavam 2 vezes por semana sob supervisão qualificada. Os exercícios estavam visando predominantemente os membros inferiores. Eles incluíram o leg press, a flexão joelho, a extensão da perna, o trabalho da panturrilha e os abdominais tradicionais crunch. Uma análise computadorizada da marcha foi realizada no início e no final do estudo por um programa tridimensional. Com o treinamento, os pacientes portadores de DP mostraram aumentos significativos nos comprimentos dos passos. O treinamento resistido promoveu um pequeno, mas consistente aumento no ângulo postural da cabeça relativo ao chão, durante a marcha do grupo dos portadores de DP. Os pacientes com DP os quais apresentam incapacidades e sintomas mais severos podem ser esperados a apresentar uma performance inicial mais precária e um ganho menor quando comparados à performance dos indivíduos normais, porque os pacientes portadores de sintomas mais severos apresentassem uma performance inicial mais prejudicada em relação aos indivíduos controle, pelo fato da doença contribuir para uma atrofia por desuso. Foi encontrado que os pacientes portadores da doença podem conseguir ganhos na performance do treinamento resistido semelhantes aqueles do grupo controle e que este tipo de condicionamento pode ser benéfico como sendo parte de uma estratégia de reabilitação física e de uma manutenção física. Os ganhos na performance dos portadores de DP foram associados aos aumentos significativos dos elementos quantitativos da marcha incluindo o comprimento do passo e modestos aumentos no pico de velocidade do movimento, principalmente na rede de velocidade do movimento durante a marcha (exemplo a velocidade do ombro e do quadril). A dificuldade com a musculatura proximal é uma característica da DP e pode estar associada com uma assimetria da postura, com a dificuldade na transição dos movimentos quando a doença é bem acentuada unilateralmente. Assim, a correção da fraqueza abdominal pode ser de extrema importância para os protocolos tratamento físico para essa população de pacientes. Resumindo, nós demonstramos que os pacientes portadores de DP entre os níveis médio e moderado podem obter um ganho de força similar ao dos idosos normais a partir de um treinamento resistido. Este ganho de força está associado com aumentos quantitativos significativos na marcha. Nós concluímos que os portadores de DP entre níveis médio e moderado podem se beneficiar de maneira favorável com o treinamento resistido e que este treinamento deve ser incluído como parte de um programa de reabilitação com outras técnicas terapêuticas as quais tem sido mostrada como forma de se promover uma melhora da velocidade em pacientes portadores de DP. O treinamento resistido pode melhorar a qualidade de vida em pacientes portadores de DP, pois melhora o equilíbrio, ajuda na locomoção, fortalece os músculos específicos do treinamento, melhora ainda o estado emocional dos pacientes por melhora sua auto-estima e ao dar-lhes uma sensação de segurança, e conseguir diminuir sua dependência funcional ou até mesmo conseguir sua independência total.
Referência bibliográfica Scandalis TA, Berliner JC, Helman ll, Wells MR; Resistance training and gait function in patients with Parkinson's disease. Am J Phys Med Rehabil 80:38-43; 2001

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